sábado, 7 de agosto de 2010

VÊ SE VÊS TERRAS DE ESPANHA, de Alberto de Serpa. 1906.

Deixo
A minha solidão
- A solidão povoada em que me fecho -
E vou a Espanha, como tantos vão.

Mas não mercadejar nas ruas de Madrid
Nem por elas flamar, como o bom português:
Vou à dura Castela que apenas entrevi
Nos livros de Unamuno, nas telas de Alvarez.

Ela, de lá de longe, tanto acena
Com futuros poemas verdadeiros,
Que levo uma saudade bem pequena
De praias, ondas, velas, nevoeiros.

E terei praias nas campinas rasas,
Ondas, nas serras quase a Deus erguidas,
Velas, nas asas das cegonhas, longas asas,
Nevoeiros, nas faces contraídas...

Que ansiedade comigo vai, tamanha!
De lá, darei meu lírico sinal.
Vou ver se vejo, pois, terras de Espanha.
- Adeus, areias de Portugal.

Op. Cit., p.166.

Sem comentários:

Enviar um comentário