Custou-me tanto que partisses...
O meu coração agora
é um século dezanove
feito de carroças
e lamaçais.
Crianças descalças e andrajosas
que vêm à porta dos casebres
ver o comboio passar.
O pobre do Antunes, coitado,
que enriqueceu na padaria
e fica com flatulência
ao almoço.
Tu partiste
e os cantores pimba
encantam as sopeiras
de cima do palco.
Há lágrimas nos olhos
das adolescentes afegãs.
Sonhos que a brisa devolve
à beira-mar.
Ficou a casa vazia,
as janelas abertas,
as portas por fechar.
E há um cão
que não pára de ganir.
Um elefante que entrou
sozinho na floresta densa.
E a água jorra intensa
como labaredas de dor.
E depois há o vazio...
Ah, o vazio...
sábado, 14 de agosto de 2010
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