sábado, 14 de agosto de 2010

Despedida.

Custou-me tanto que partisses...

O meu coração agora
é um século dezanove
feito de carroças
e lamaçais.

Crianças descalças e andrajosas
que vêm à porta dos casebres
ver o comboio passar.

O pobre do Antunes, coitado,
que enriqueceu na padaria
e fica com flatulência
ao almoço.

Tu partiste
e os cantores pimba
encantam as sopeiras
de cima do palco.

Há lágrimas nos olhos
das adolescentes afegãs.

Sonhos que a brisa devolve
à beira-mar.

Ficou a casa vazia,
as janelas abertas,
as portas por fechar.

E há um cão
que não pára de ganir.

Um elefante que entrou
sozinho na floresta densa.

E a água jorra intensa
como labaredas de dor.

E depois há o vazio...

Ah, o vazio...

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