domingo, 24 de fevereiro de 2013

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Malika Ayane - E se poi - Sanremo 2013


O Famoso Caderno. Adeus.

Foi tão sereno,
o último adeus.

Foram as estrelas
e a brisa suave do mar
que to disseram.

O novo Mundo,
que é um sonho meu.

As montanhas distantes
e as serpentes ao Sol.

O voo do bando de aves
que se afastou no horizonte.

Adeus.

Um último,
breve, adeus.

E foi só.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

domingo, 3 de fevereiro de 2013

O Famoso Caderno. Janeiro.

O Sol não se vê através destas nuvens espessas.
Nem sei sequer se está longe, ou muito baixo.
O ar encheu-se de cinza, de uma cor azulada.
Por vezes enegrece, como se fosse noite
e o dia, uma penumbra densa, muito fria.

A luz do candeeiro invadiu a sala
e uma claridade leitosa
bebeu os móveis, os tapetes, o sofá.

Já não tenho tempo para ser outra pessoa,
muito diferente de mim,
a não ser interiormente.

A Marta telefonou ao princípio da tarde.
A intimidade da sua voz muito baixa.
A cor castanha do timbre da sua voz.
A luz oculta do seu olhar.
E as palavras, tão musicais.
O sorriso, distante.
Falámos circunstancialmente
e depois desligou.

Sou eu sempre e um outro,
quando estou ao telefone com a Marta.
E não me canso.

Ouço-a no silêncio da sala.

Do outro lado do Mundo.
Também será o meu?

Disse-lhe:
- Estavas tão bonita, quando te zangaste comigo
no carro.

E não respondeu.

- E no dia seguinte, no restaurante,
estavas tão bonita, tão calada,
tão distante.

- Consegues não falar
tanto tempo.

- Deixar-me só.
Assim só.

Tenho a luz acesa ao fundo da sala.
O silêncio da sala,
o gato enroscado, a dormir.

Há muito tempo que não estou com a Marta.
Os seus olhos irrequietos, despeço-me deles
sem querer.

- E, no entanto, custa-me tanto perder-te,
Marta.

Só fico eu,
para aqui sozinho,
o telefone por tocar
e o ponteiro dos minutos do relógio grande
a avançar,
a avançar, inexoravelmente,
contra a noite.

- Marta, foi a ti que me entreguei.

Falo comigo mesmo, eu bem sei.

Voz interior que deixo vagar,
até me perder.

Recusa obstinada
de não ser.

De nunca ter sido,
sabido ser,
para ti.

" -  Hoje, trouxe a planta que me ofereceste para o lavatório da cozinha. Molhei a terra, as folhas, as flores. Ando à procura do seu nome, vejo fotografias, as folhas parecem-me sempre diferentes, nunca são assim vermelhas, nunca mostram ter este recorte, estes veios esbranquiçados de onde irradiam. "

Quase isolado do Mundo,
não sei de ti há dias.

Nem quero saber onde estás.

É fácil não te dizer adeus,
não te dizer nada,
não te voltar a falar.

Entraste na minha vida
de forma tão fugaz.

Anjos, os dois.

Pouco me pesa,
a minha vida.

Sou, interiormente,
o contrário de mim próprio,
talvez mesmo um outro.

- " Felizmente, há luar ",
dentro de mim.

Quando se extinguirá
esta claridade?

É tão cedo agora.

- Será que ainda dormes?
Que te deitaste tarde
e ainda estás no primeiro sono?

- Outra semana
que começa,
outra semana sem ti,
Marta.