terça-feira, 30 de outubro de 2012

O Famoso Caderno. Adoro-te.

Rosas rubras,
abertas
ao rumor
da aurora.

Rosas quentes,
caídas no regaço
redondo
da manhã.

Rosas
que o sonho
colheu
para o espanto
da luz.

És tu,
no orvalho
dessas pétalas.

Tu,
a imagem
sanguínea
do seu ramo.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

domingo, 21 de outubro de 2012

O Famoso Caderno. Telefonema.

Recebo uma chamada tua
e o Mundo abre-se para mim.

A luz do Sol
começa a iluminar-me a alma.





Fotografia de Darklands.

O Famoso Caderno. António Ramos Rosa.

E assim o tempo é a distância consumada
em estação serena de lenta liberdade
em que a juventude amadurece voltando ao seu princípio

António Ramos Rosa, in O Princípio da Água, p. 12.

In, António Ramos Rosa, facebook.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O Famoso Caderno. Noite.

Esta noite pensei tanto em ti.

Esta noite vigiei o sono dos corvos
e o sobrevoo de pequenas corujas,
em volta dos candeeiros, na rua deserta.

As asas aconchegadas do desejo,
nos campanários sombrios
das igrejas, na cidade adormecida.

Esta noite soube que te adorava
e as minhas pálpebras repetiram
o primeiro levantar das águias
sobre as florestas, ao nascer do dia.

Eras tu que te espreguiçavas
nos meus olhos cansados.

Esta noite eu soube que te amava.

St Vincent - "Actor Out Of Work"


sábado, 13 de outubro de 2012

O Famoso Caderno. Simbolismo.

É por saber que vives agora num mar revolto, como o Mar Cantábrico, vencendo as vagas alterosas que se abatem sobre a tua frágil jangada, os olhos abertos para a tempestade que cai sobre o teu país e os braços movendo-se fortes para que consigas rasgar os dias sombrios, até poderes encontrar ventos suaves e a calmaria que rodeia ilhas de sonho em arquipélagos de paz,

é por saber que podes ainda sobreviver aos titãs e outros monstros marinhos, que habitam as grutas cinzentas dessas águas traiçoeiras que nenhuma ave sobrevoa e,
com o teu exemplo,
podes acalmar a vida turbulenta de quem, na distância, tem os olhos postos em ti, algures nesta terra amaldiçoada que tanto amas,

é por saber ser eminente o naufrágio da balsa leve no rodopio da água,

que eu saio para a rua, entro no automóvel e atravesso a auto-estrada em grande velocidade, numa viagem de horas, sem rumo aparente.

Eu quero voar nas asas do teu nome.

Eu quero que o céu azul seja o teu rosto.

Eu quero que o meu país seja o teu sorriso mais bonito.

E tu a debateres-te, em fúria, contra a noite escura e a tormenta em que todos vivemos.

Acelero ainda mais e vou em linha recta,
eu quero mergulhar na humidade dos teus olhos, quero descobrir o paraíso nos teus olhos,
na pupila doce dos teus olhos.

Um dia,
eu sei que um dia te vou encontrar de novo por aqui.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O Famoso Caderno. Fotografia.

Penso, penso no mar e na areia branca, tenho uma fotografia bonita que os mostra, depois vês, estás tu sentada, como eu agora.

Uma fotografia prende o tempo, não mostra que ficas triste, como eu fico, sabes,
por olhar o mar.

Mas, como tu também, deixo correr as horas,
vê-se, sabes,
vê-se pela ondulação da água quando vem,
tão serena depois, namorar a areia, onde estou e tu estás,
sentados só, só sentados, a pensar e a ver
o mar.

Estou eu
e tu também
e isso inspira-me.

Que tu estejas a olhar o mar e eu, assim quieto,
a olhar para ti,
agora.

Tenho uma fotografia,
sabes?

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O Famoso Caderno. Fado Vadio.

Dizes também palavras infelizes
que tornam feio o teu rosto
e sujam as telas que pintas
por teimosia, para te afirmares.

Encostas-te a fatos-de-macaco
e regurgitas vinho tinto
aos berros, em esgares
de miséria e sofrimento.

Chegam mais automóveis
e os pneus chiam como cordas
de guitarras frágeis, de fado vadio.

Pintas mais quadros com óleos
de motor e lubrificantes e já
os levas em exposição
para bares de bairro, onde se
juntam muitos lá da oficina.

Não se calam toda a noite
as vozes ordinárias que
te admiram os pés e a curva
deformada da sola das sandálias.

E cantam, madrugada fora,
sujeiras, blasfémias e elogios
e riem gargalhadas sonoras
feitas de carrascão e lascivia barata.

Até os quadros descaem
com tanta desordem.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O Famoso Caderno. Manhã.

Amei-te com texturas de nascente
e rendas de espuma.

Um vulcão aceso a respirar
na tua face.

Amei-te com força,
mas sem fúria,
fiz pétalas de rosa
na tua pele salgada.

Vejo hoje a areia molhada
que a vazante libertou,
a praia deserta,
o céu limpo.

O ar sedento
da tua ausência.

E esqueço o teu nome,
por já não ser só teu.

Deixo-o perdido na noite,
quando de novo se faz manhã.


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O Famoso Caderno. In the Realm of the Senses Trailer. Nagisa Oshima.


O Famoso Caderno. Tu Deixaste A Praia Ao Entardecer...



Fotografia: Na praia da Nazaré em 1955, por © Henri Cartier-Bresson (22 de Agosto de 1908 - 3 de Agosto de 2004). in, Quem Lê Sophia de Mello Breyner Andresen.

O Famoso Caderno. Azul.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O Famoso Caderno. O Meu Abraço Beija-te.

Deixa-me abraçar-te agora,
enquanto sorris
e os teus olhos revelam
tanta inocência.

O ar que respiras
e me envolve
é a água
que preciso
para viver.

Deixa-me flutuar
nos teus olhos
de menina.

E abraçar-te.