Dizes também palavras infelizes
que tornam feio o teu rosto
e sujam as telas que pintas
por teimosia, para te afirmares.
Encostas-te a fatos-de-macaco
e regurgitas vinho tinto
aos berros, em esgares
de miséria e sofrimento.
Chegam mais automóveis
e os pneus chiam como cordas
de guitarras frágeis, de fado vadio.
Pintas mais quadros com óleos
de motor e lubrificantes e já
os levas em exposição
para bares de bairro, onde se
juntam muitos lá da oficina.
Não se calam toda a noite
as vozes ordinárias que
te admiram os pés e a curva
deformada da sola das sandálias.
E cantam, madrugada fora,
sujeiras, blasfémias e elogios
e riem gargalhadas sonoras
feitas de carrascão e lascivia barata.
Até os quadros descaem
com tanta desordem.
terça-feira, 9 de outubro de 2012
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