segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Infância.

No passado em que eu fui menino
( qual outro me interessaria mais? )
tão feliz eu era!

O Mundo,
o Mundo então
não existia ainda.

Aquele que eu via,
era uma coisa de velhos serôdios,
de pessoas sem graça,
mortas de tédio,
de medos
e ilusões desfeitas.

De luzes
quase apagadas.

Era eu menino
e o futuro tão menino
como eu.

Hoje trago esse menino passado
em mim.

E o futuro,
o futuro ficou por ali,
é apenas sonho
e saudade.

2 comentários:

  1. Caro D.Manuel, é lindo seu poema, porém não subestime o menino que ainda existe em você. Ele está muito vivo e se manifesta na alegria de viver, na sua poesia, na sua forma feliz de apresentar-se ao mundo... Um beijo para ti

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  2. Sim, obrigado. É verdade que sim. Vejo a minha infância com muita ternura. Fui muito feliz, então. E aprendi a gostar da beleza, da vida bonita. Os meus pais eram um casal moderno e de vida desafogada. O melhor de mim, hoje, vem desse tempo em que eu era inocente. Cedo me apercebi do eclodir da guerra, das desigualdades sociais, do erro colonial, mas afastavam-me muito desse Mundo. E eu pensava que o futuro iria ter uma perfeição quase metafísica, entende? Este tema é muito recorrente no meu pensamento, hoje. Um abraço grande.

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