sábado, 7 de agosto de 2010

Ilusão, de Fernando Caldeira. 1841-1894.

Vêm as ondas uma a uma
Plantar um floco de espuma
Na areia da beira-mar
E ali andam entretidas
Nas delícias repetidas
De a trazer e de a levar.

Mas se passa uma rajada,
Lá vai a espuma levada...
E cada onda, que vai,
Quando a não acha, parece
Que de triste desfalece
E reflui soltando um ai!

Pois mar é a paixão que eu trago
E, se uma esperança afago
No lidar dessa paixão,
Não tarda vento que a leve,
Porque a pomba cor de neve
Era espuma, era ilusão.

In, Cabral do Nascimento, colectânea de versos portugueses,Editorial Minerva, 1ª edição, 1964, pp.95 e 96.

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