quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O Cais.

Da minha infância
guardo com saudade
a imagem de cargueiros
atracados ao cais.

E, uma vez, o pobre do filipino,
debruçado na amurada,
que fumava um cigarro solitário,
numa profunda quietude
e solidão.

Eu próprio me virei para trás,
para olhar o que ele via
e reparei numas luzinhas apenas
e na noite, sempre vazia.

Ah, as luzes que a baía reflectia...
E as cores!
A água reflectindo as cores!...

Sinto hoje ter alma de marinheiro,
sempre em lado nenhum,
ancorado em qualquer cais
num navio, que de noite,
faz a sua manutenção.

Julguei mesmo um dia
ir para a Marinha...

Que camarote confortável eu teria,
com uma estante de onde nenhum livro
cairia...

E fumaria Pall Mall,
leria Lowry
e... Camões!

Não me interessa mais
nada disso.

Levanto-me
e vou à janela fumar.

É noite cerrada...

3 comentários:

  1. Em vez de " e solidão ", deve ler-se " e abandono " ,( 9º verso ).

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  2. Não abandone seus sonhos, poeta Manuel. Que seria de nós humanos sem eles? (e pare de fumar, pois faz mal à saúde!)rsss..Bjs

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