sábado, 20 de novembro de 2010

A Feira. ( Para Arthur Rimbaud ).

As crianças correm para galgar
a pista dos carrinhos eléctricos.

Luzes estonteantes e um ruído infernal
abafam a voz rouca e fina,
que as convida para uma nova viagem.

Surgem depois as mulheres, suas mães,
espartilhadas, redondas, deslavadas,
nos vestidos vistosos de feira.

Vêm calmas e seguras,
agarradas ao pauzinho da maçã
cristalizada e do algodão doce.

Uma traz tatuada no ombro direito
uma sereia nua, de olhos azuis
e grandes pestanas,
grandes e grosseiras.

As crianças, agora,
deliram, tontas
e afogueadas.

Rodam tão depressa
que nem se vêem.

1 comentário:

  1. Bela homenagem a Rimbaud. Soa tão estonteante como um carrocel...mágico!
    abraços

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