segunda-feira, 7 de março de 2011

O Moleiro.

Este moleiro vulgar,
homem do povo que só sabe
buscar o vento, soltar as velas,
fazer rodar a mó
e com mãos imundas,
guardar a farinha branca
de trigo em sacos de juta,
que o lisboeta egoísta
depois consome,

que sabe este pobre homem
que agora dorme, feliz,
se tu, de madrugada,
atravessas a Estremadura, veloz,
no teu automóvel tão rápido,
para depois
te vires deitar,
em silêncio,
na minha cama?

Que sabe, o pobre homem,
destes lençóis, tão alvos
como a sua farinha?

Sem comentários:

Enviar um comentário