Estava esculpida uma garra de leão
no batente do portão, humedecido ainda
pelo nascer do dia,
ladeado por dois muros
muito altos e a copa,
mais alta ainda de
grandes castanheiros,
de grandes carvalhos
adormecidos, de tão robustos.
Fez-se o silêncio, enquanto ainda ecoava
a chamada seca, batida no ferro pintado
da garra de leão.
Contudo,
ao contrário do que se pudesse supor,
a resposta fez-se ouvir de imediato.
Um som de gonzos, entrecortados por
apitos ferozes e gargalhadas em eco.
Um restolhar de folhagens na selva
e o súbito silêncio,
tão comprometedor.
O eco das vozes lá dentro,
dos silvos, dessas gargalhadas difusas,
perdidas em ilusões,
desfeitas pela geada
fria da manhã
e pela sinistra incomodidade
dos lugares mais ermos,
nas casas mais isoladas,
quem sabe...
Quando abriu o portão, o conviva
fazia de lacaio, de lacaio perdido,
sujo, desabotoado, molhado,
fazia de parvo
e não sabia,
parecia um alarve,
a rir,
a rir.
( A chuva não pára
de cair ).
segunda-feira, 28 de março de 2011
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