Não adivinho o céu
no tecto branco da sala
e a lâmpada escondida
pelo globo de papel
está há muito fundida.
Não me sirvo das luzes da casa.
Tenho candeeiros espalhados,
que filtram o artifício
de abat-jours suaves.
Hoje não sei se choveu.
Não ouvi a água a cair
nos estores, nem os pássaros
se vieram empoleirar aos trinados
para desespero do gato,
que os odeia.
Tinha no frigorífico os alimentos
necessários para estes dias
de reclusão, a terrina de veado
com cognac, o chèvre branco
de tão puro, as azeitonas pretas
de Portalegre, os limões para o salmão
fumado e o pão de Mafra, o café forte,
as massas com ovo e as garrafas escuras
de um vinho do Douro.
Não sei da correspondência
que me chegou, não fui ao hall
abrir o cacifo do correio.
Vejo o Mundo pela televisão
e anoto as minhas emoções
no Facebook.
Aqui e ali, os amigos vão clicando
" Gosto ", sem saber que há muito
não saio de casa.
sábado, 26 de fevereiro de 2011
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