sábado, 24 de dezembro de 2011

Viver.

São as lágrimas dos coreanos
que me destroçam agora,
os ferros calcinados das explosões
de Bagdad, os tiros furtivos
que matam em Damasco,
o genocídio arménio, o incêndio
da rua Bramcaamp.

Eu vejo que descem as gaivotas
no seu voo lento, desce o nevoeiro
sobre as praias, repetem-se os gestos
errados de quem conduz para morrer
ao fim-de-semana e cai em mim
a desilusão de tudo não ser
como os olhos inocentes deste gato
que me olha e comigo partilha
alimento, carinho e a própria vida.

Que me interessa que não os conheça !
Que tomem o avião para a Indochina !
Que não se cruzem nunca com a minha vida...

Tudo o que fui e sou me pede forças.
O que amo verdadeiramente, faz-me
continuar a viver. Um dia...

Talvez um dia, sim,
talvez...

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