Não me importa o nevoeiro
que, desde manhã, tudo dissipou,
as portas abertas da varanda envidraçada
e a senhora simpática com nariz de buzina,
que nos serviu o café numa cafeteira
e o bolo de arroz muito fresco,
a chuva soprada pelo vento,
a cinza fria da rua molhada
e os passeios vazios,
o ciclista que aparece de repente
e o ar altivo com que se cruza connosco,
um cão que saltita de muro em muro
e nós já não vimos,
o regresso rápido no automóvel veloz,
para a esplanada junto ao Cabo,
enregelados já,
os olhos molhados
e outro café
e um cigarro
e outro.
Não me interessa que o nevoeiro
cheirasse a pólvora queimada
e a manhã parecesse madrugada,
de novo no carro, pela marginal fora
e as chaminés de fumo branco,
a relva molhada, muito verde
e o teu sono,
o teu silêncio
adormecido,
os teus olhos
de veludo.
sábado, 15 de janeiro de 2011
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário