terça-feira, 19 de outubro de 2010

Em Memória de José António Morais, Meu Querido Amigo.

Não foi aqui que te encontrei,
nestes campos de Alijó,
pedregosos e em declive,
revendo silvas nos bolsos,
sonhando estoiros enormes,
com simples fósforos.

Nem no areal da ilha,
ao nascer do dia,
cheios de cansaço e sede.

Ou em alguma roça,
sozinho,
vestido o capim
como um agricultor.

A caminho de Murça
ao cair da manhã,
por estes campos agrestes
de oliveiras
e castanheiros,
não foi.

Entre vinhas perdidas,
vinhas encontradas,
entre os seixos
e os granitos,
não.

O teu sorriso matemático
de juventude,
não foi aqui que encontrei,
foi por outro acaso,
foi noutro Mundo.

E recordo em ti o acne,
a marcar-te o rosto
para sempre.

Perdido entre os muros
ficou o teu Tempo
muitos anos,
sem eu te ver.

E tu, sorrindo, amavas
a Terra, as flores, tantas, os filhos, lindos,
a mulher.

Todos eles, afinal,
bailavam no teu sorriso de criança,
o mesmo sorriso com que foste.

Sabes, querido amigo,
estou aqui,
sou eu.

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